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Apro360 debate sustentabilidade no campo com especialista Daniel Vargas

Apro360 debate sustentabilidade no campo com especialista Daniel Vargas

04/10/2025 às 09h18 Atualizada em 04/10/2025 às 09h18
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Apro360 debate sustentabilidade no campo com especialista Daniel Vargas

Abrindo o mês de outubro, o podcast Apro360, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), recebeu no quadro Causa e Efeito desta quinta-feira (02.10), o mestre e doutor em direito e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Vargas, para uma conversa sobre sustentabilidade no campo, o Plano Climático e o papel do produtor rural em defesa do meio ambiente em um bate-papo descontraído com a jornalista Fernanda Trindade.

Segundo Daniel Vargas, a sustentabilidade está em evidência devido à preocupação global com os recursos naturais e, principalmente, porque deixou de ser apenas um conceito e passou a integrar a economia como um valor. “Neste processo da agenda de sustentabilidade como um valor dentro do balanço dos negócios, a questão principal é se esse valor será encaixado na coluna das despesas ou na coluna dos benefícios. A tendência do mundo é olhar para a sustentabilidade como um custo, mas a realidade brasileira, com tributos ímpares, faz do país uma máquina de fotossíntese a céu aberto”, afirmou.

Durante a conversa, Daniel Vargas destacou que a agenda da sustentabilidade não deve ficar restrita a especialistas, já que o clima é um tema que interessa a toda a sociedade. Para ele, o produtor rural tem um papel essencial nesse processo, pois cuidar do meio ambiente faz parte da sua própria natureza.

“Clima é interesse, objetivo e tema de todo mundo. O produtor que trabalha na terra é o primeiro a estudar e trabalhar com clima desde sempre. É ele que olha para cima para saber se vai chover, se vai colher ou se vai plantar. Portanto, ele já possui isso na sua individualidade e no seu regime econômico. Mas nós não podemos destacar o clima e fazer com que essa agenda passe a ser agora uma espécie de moral de preferência de uma elite superior que traz da Europa o que devemos ser e fazer. Isso é um erro gravíssimo que o Brasil não pode jamais adotar para si”, ressaltou.

Durante o bate-papo, o especialista enfatizou os desafios enfrentados pelo país na distribuição das responsabilidades ambientais entre os setores econômicos. Ele destacou que, apesar do compromisso do Brasil com práticas sustentáveis, a maior parte da responsabilidade acaba recaindo sobre os produtores rurais.

“Quando os países adotam uma obrigação eles têm uma margem de escolha em que eles têm uma margem de escolha em que eles vão olhar para sua realidade e selecionar onde irá espetar a dívida do clima. E nós, no Brasil, optamos por colocar a maior parte dessa conta no colo do produtor rural. Quando fazemos isso criamos uma série de impactos e de consequências. A primeira delas é transmitir a mensagem errada ao mundo de que nós temos na realidade produtiva um setor que é hostil, indiferente e leniente com a sustentabilidade na realidade nacional, quando sabemos que as exigências legais brasileiras e a história de ganho de produtividade no Brasil são também sinônimos de um compromisso muito especial com a sustentabilidade. Aqui nós temos uma capacidade ímpar de aumentar produtividade reduzindo impacto ambiental. É por isso que nós temos no Brasil, áreas dinâmicas de alimento que ocupam uma fração do nosso território”, ressaltou.

No Apro360, o professor da FGV, Daniel Vargas, ressaltou que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) representa uma oportunidade única para o país-sede debater temas centrais e a transformação da agricultura. No entanto, ele avalia que esse não parece ser o foco do Brasil.

“Na sua origem, as COPs foram concebidas para tratar o clima dentro de uma agenda de desenvolvimento produtiva, social e inclusiva, com o objetivo de gerar renda, reduzir a pobreza e garantir a segurança alimentar. Isso significava levar saúde, educação e transporte a países mais pobres, permitindo que eles se desenvolvessem mais rapidamente por meio da agenda climática. Mas não é isso que está acontecendo. Hoje, estamos embarcando na barca furada de uma agenda ambiental global que perdeu espaço político nos principais centros de referência dos Estados Unidos e da Europa nos últimos anos. Não me parece que seja este o caminho que o Brasil deveria seguir. O que nos interessa é transformar a COP em um espaço de desenvolvimento com inclusão e sustentabilidade. Mas não se faz isso importando uma agenda ultrapassada, que trata o clima apenas como custo e coloca a conta nas costas do produtor. O verdadeiro caminho é enxergar o clima como oportunidade, reconhecer quem já faz bem feito e criar mecanismos de financiamento e pagar um prêmio pela sustentabilidade, que ainda segue oculta no debate global”, ressaltou.

O episódio reforça como a sustentabilidade é uma pauta estratégica do agro e um compromisso assumido diariamente pelos produtores rurais. Para acompanhar esse e outros conteúdos produzidos pela Aprosoja MT, basta acessar os canais oficiais da entidade no YouTube e no Spotify.

Por Marina Cintra - Assessoria de Comunicação
Foto: Aprosoja MT

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